Nesta obra, Guevara oferece uma requintada sátira da condição humana através dos olhos perspicazes de Asmodeus. Esse demônio, marcado pela manquice de sua queda na rebelião celestial, é libertado de uma garrafa por Don Cleofás, iniciando uma travessia reveladora pelos telhados de Madri.Guevara, em um ato de brilhante originalidade, abandona a divisão tradicional em capítulos, adotando os "trancos" como estrutura narrativa. Esses saltos proporcionam uma transição dinâmica entre as cenas, permitindo uma análise crítica contínua dos vícios e virtudes da sociedade, oferecendo uma visão multifacetada e profunda dos comportamentos e valores do século XVII.A prosa de Guevara, com ironia refinada e observações mordazes, constrói um retrato vívido da vida urbana madrilenha, cujas críticas transcendem o tempo e dialogam com a sociedade contemporânea. "O Diabo Coxo" nos faz refletir sobre as falácias sociais e as eternas contradições que nos definem.Essa leitura testemunha que, apesar das mudanças históricas, as essências humanas permanecem inalteradas, revelando a complexidade e a permanência das questões filosóficas universais.