O texto de Thiago Madeira acompanha a trajetória comum de Caetano Veloso e Gilberto Gil em momentos-chave de suas carreiras e reflete sobre como estas condições materiais e subjetivas influenciaram suas obras. A produção do tropicalismo em São Paulo, a prisão domiciliar na Bahia, o exílio europeu em Londres e o último ato de retorno ao país.Para caracterizar cada um dos momentos, faz um mergulho profundo nos álbuns produzidos em cada um destes contextos. Não é coincidência que os dois parceiros tenham vivido trajetórias irmãs. Conforme o livro nos conta, escolhas de carreira, assim como o pano de fundo histórico da Guerra Fria, da transformação cultural produzida pelos movimentos sociais dos anos 1960 e do recrudescimento do regime militar, levaram as duas vidas pelos mesmos rumos.O impacto do estranhamento com novas experiências de cidade, dos deslocamentos forçados, daprisão e da repressão política, e principalmente o estado de espírito gerado pelo exílio, são partes indissociáveis das obras analisadas. São também partes cruciais da narrativa desenvolvida pelo autor. Na minha experiência particular, o livro do Thiago deve ser lido com música ao fundo. Música de Gil e Caetano, dos álbuns e das canções sobre as quais o livro nos conta.A leitura ganha o ritmo de música, de samba, mambo e rhythm and blues. As páginas ganham uma nova dimensão, conforme atribuem significados e contexto às canções. A dor e a delícia da trajetória dos dois gênios está na emoção inventiva das canções e na realidade das páginas do Thiago.Prof. Doutor Tomaz Paoliello***