Quando se lê, retrospectivamente, todos os seus escritos, desde sua tese de mestrado na Universidade George Washington (1947) - que já era o equivalente a uma verdadeira tese de doutorado, como lhe escreveu, em carta pessoal, o famoso economista Joseph Schumpeter, desde Harvard -, assim como todos os ensaios eruditos dos anos 1950, sobre questões diversas da economia brasileira e, sobretudo, os artigos regulares que ele produziu para a imprensa brasileira a partir do início dos anos 1960, durante mais de 40 anos ininterrompidos, sobre todos os temas correntes, históricos e literários, impossível não ficar impressionado pela vastidão excepcional de seus conhecimentos sobre os mais variados assuntos. Em especial, pela justeza e pelo acertado de seus argumentos teóricos, de seus julgamentos práticos, das hipóteses e antecipações que ele formulou em torno da política e da economia mundial, assim como a explicação racional das raízes dos problemas brasileiros e sobre os meios de arrancar o país da pobreza corrigível e de colocá-lo um pouco mais perto da riqueza atingível. Aos cem anos de seu nascimento - abril de 1917 -, Roberto Campos permanece extraordinariamente atual, pois, para nossa infelicidade, não conseguimos cumprir nem metade das prescrições por ele feitas, mais de meio século atrás, para aliviar nossos males. Cabe reler o que ele escreveu, o que ele recomendou e, se possível, tentar cumprir pelo menos algumas das soluções práticas apresentadas a esses problemas pelo homem que, mais do que qualquer outro intelectual da segunda metade do século XX, pensou verdadeiramente o Brasil.