Este livro desenvolve uma peculiar leitura sobre fatos da história do Brasil. Nós o escrevemos a partir de informações bibliográficas coletadas de documentos e trabalhos de pesquisa e estudo desenvolvidos por importantes e conceituados historiadorese jornalistas brasileiros. Estivemos sempre preocupados em compreender suas escritas e seus olhares sobre os fatos que documentaram, descreveram ou mesmo interpretaram, respeitando suas perspectivas histórico-filosóficas e sociais.Foi neste alicerce que ancoramos o recorte que este livro apresenta: o de investigar o lugar do povo brasileiro no âmago dos discursos de posse de presidentes que, cada qual a seu tempo, assumiram a frente do país, tendo sido ou não eleito por ele.É certo que o povo brasileiro continua se construindo na assimilação de culturas, na geração de conhecimentos, tecnologias, arte e ciência. É certo também que é um povo bravo, potente em inteligência, exuberância, sensibilidade e fé. Um povo no qual se destaca uma vigorosa pulsão de vida que o faz se levantar após ter se curvado, sonhar após as desesperanças e, principalmente, fazer de seu cotidiano a arena de sua luta para se alimentar, se abrigar, se defender, buscar trabalho e prazer, mostrando uma força de sobrevivência que se autoimpulsiona no decorrer dos mais de cinco séculos em que sofridamente caminha pelas florestas, campos e sertões, rios e mares, edifícios e favelas - ou seja: pelos caminhos possíveis do Brasil. Desta maneira, nos interessou olhar com clareza as maneiras como este povo foi considerado, durante o desenrolar da história do país, exclusivamente pela fala dos candidatos que se elegeram ou se colocaram no poder. Intentamos observar de qual distância eles enxergaram o povo brasileiro, qual escuta fizeram de seus potenciais e dificuldades e o que esperavam dele os governantes do Brasil.Outro grupo de autores que nos deu suporte foi composto pelos teóricos da psicanálise. Esses teóricos da intersubjetividade humana forneceram o viés de nossa leitura para além dos fatos observáveis e dos significados estruturais das palavras e sentenças, dos tons mais ou menos enfáticos com os quais as palavras foram ditas, fazendo descortinar a verdadeira importância dada ao povo nasentrelinhas e nos não ditos dos trechos dos discursos.