Este livro reúne a contribuição de 13 autores em 7 capítulos sobre a temática de obesidade, considerada como um dos maiores problemas de saúde pública em todo o mundo, apresentando os vários países, valores diferentes de prevalência, tendo em conta o seu nível de desenvolvimento. O desequilíbrio crônico no balanço energético, mais ingestão e menos gasto calórico, que normalmente explica a obesidade, é resultado da interação dinâmica de mudanças complexas a nível biológico, do envolvimento físico e sociocultural. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a rápida industrialização, crescimento econômico e o mercado global, têm vindo a alterar de forma significativa a vida das crianças de muitos países desenvolvidos, com repercussões no padrão alimentar, nos estilos de vida, nas melhores condições de vida, acesso a alimentos, bens e serviços. Neste contexto, a obesidade deverá ser considerada como um sistema complexo, sendo influenciada por uma multiplicidade de fatores interdependentes individuais e socioeconômicos, mas concretamente, por fatores relacionados com o padrão alimentar, com o envolvimento físico, cultural ou econômico facilitando ou constrangendo o comportamento humano. No estudo da obesidade, um paradigma ecológico e social emerge, menos centrado no indivíduo, nas causas únicas, na causalidade dos fatores de risco, no corpo biológico, e mais orientado para o coletivo, para a interação das determinantes complexas de ordem social, psicológica, econômica e ecológica, reconhecendo as dimensões sociais e biopsicológicas da saúde. Perceber as alterações produzidas no envolvimento físico e sociocultural, antes, durante, e depois da obesidade se ter instalado, cruzando essa informação com os fatores epigenéticos e psicofisiológicos, ao longo do ciclo vital, torna-se crucial para um melhor entendimento deste fenómeno. Sob este paradigma, o modelo multinível é considerado como essencial para analisar e compreender os comportamentos relacionados com a saúde, como o comportamento nutricional (ingestão calórica) e de atividade física (dispêndio energético), ao longo do ciclo de vital, dependente dos fatores biológicos (genes, metabolismo, humor, apetite, eixo HPA) dos reguladores de risco relativos ao envolvimento construído (ciclovias, parques, estradas, recreio escolar), alimentar (acesso a frutas, legumes, fast food), do envolvimento social (segurança, pobreza) e cultural (preferências alimentares, imagem corporal, publicidade).