Ao examinar a fuga e a evasão como práticas de criação e transformação, Dènétem Touam Bona reconstrói o marronage (quilombagem) como conceito, considerando-o não apenas como uma estratégia de evasão, mas também como um ato contínuo de transformação ereconfiguração das relações de força e poder. Em um contexto como o do Brasil, onde a história da resistência negra é profundamente marcada pela fuga (notadamente pela singularidade dos quilombos), a tradução desta obra para o português constitui umgesto filosófico crucial. Na verdade, ela permitiria uma interação direta com os debates sobre raça e resistência, oferecendo uma perspectiva que vai além da celebração de identidades fixas e insiste na criação de novas possibilidades de existênciapor meio da fuga.