"Quando se é muito jovem, não se julga bem; quando velho demais, tampouco. Se não se pensa nisso suficientemente, se se pensa demais, a gente se obstina e se fixa. ... Assim acontece com os quadros vistos de muito longe ou de muito perto. E só existe um ponto indivisível que é o verdadeiro lugar. Os outros ficam perto demais ou longe demais, alto demais ou baixo demais. A perspectiva indica esse ponto na arte da pintura, mas na verdade e na moral quem o indicará?" (Pascal, Pensamentos, La 21)Como se constitui um observador da vida moral e social? Quais são suas condições existenciais? Qual posição deve assumir para que não esteja nem distanciado demais nem próximo demais? Qual filosofia melhor exprime o ponto de vista do observador? Como o observador pode expressar o que observa? Essas são algumas das questões examinadas nestes Percursos Machadianos. Os primeiros Percursos tratam da constituição deste observador através de uma crítica da abordagem subjetiva das ciências sociais e, depois, no desenvolvimento do romance machadiano. Os últimos são observações de alguns dos principais eventos ocorridos durante o governo Bolsonaro (2019-2022). Pelo meio deste percurso, análises de personagens de Machado de Assis e as relações entre a sua obra e as principais filosofias difundidas no Brasil na época.