Em Pidginização como método curatorial: brincando com linguagens e modos de fazer curadoria, Bonaventure Soh Bejeng Ndikung propõe um deslocamento radical: pensar a curadoria como um espaço de fricção, onde línguas, epistemologias e temporalidades se encontram sem buscar síntese, mas criando mundos em colisão. Inspirado nas práticas híbridas do pidgin - as línguas de contato entre duas ou mais línguas -, Ndikung inscreve a curadoria em uma gramática anedótica e poética, que resiste às convenções canônicas e celebra o intraduzível como força criadora. A edição brasileira, com apresentação de André Pitol e posfácio Diane Lima, curadores brasileiros, amplia essa reflexão ao conectá-la às urgências do nosso contexto político e cultural, em que a arte pode também ser ferramenta de resistência, invenção e afirmação de diferença. Entre histórias, ditados e práticas sublevadas, o livro se torna uma cartografia provisória - ética, estética e filosófica - que afirma a curadoria como prática de vida, fazendo um convite à desobediência e à imaginação de outros modus de ser e fazer os possíveis.