“Estamos vivendo uma crise silenciosa, a crise de mulheres desaparecidas e assassinadas em nossa sociedade. Existem milhares de mulheres que foram assassinadas, mas cujos casos foram ignorados, esquecidos, arquivados.”É com estas palavras que a autora Cynthia Pelayo prefacia sua obra. Nas páginas de Poemas para Meninas Esquecidas na Escuridão, há mulheres representando cada estado dos Estados Unidos. São bebês, meninas, adolescentes, mulheres adultas e idosas. Muitas eram estudantes, mães, mulheres com carreiras e sonhos — e, em um instante, tudo se perdeu. Muitos dos casos seguem em aberto ou sem solução, e a maioria das mulheres não foi encontrada. Não há restos mortais que possam ser entregues à família para um funeral ou para um desfecho e um adeus.Indicado ao Elgin Award e ao Bram Stoker Award, Poemas para Meninas Esquecidas na Escuridão eterniza casos esquecidos pela comunidade e negligenciados pelas autoridades. Abordando de modo direto e contundente temas como violência de gênero, discriminação racial e desigualdade social, o livro expõe feridas abertas em nossa sociedade e nos conduz pela dolorosa realidade das estruturas sociais que perpetuam o sofrimento e a marginalização de mulheres. Ao dar voz às histórias das vítimas e destacar a urgência de mudanças sistêmicas, a autora despe a complacência coletiva e nos confronta com a urgência de reconhecer a tragédia que nos rodeia.Pelayo, no entanto, vai além do registro poético dos desaparecimentos: em um exercício de empatia e compaixão, ela imagina o que um destino mais gentil teria oferecido a cada uma dessas mulheres. Ao nos confrontar com as profundezas da perda e nos conceder vislumbres de hipotéticos futuros, sua poesia ecoa como denúncia, chamado à responsabilidade e jornada de cura.A autora, que declara em sua introdução que passou noites na companhia de mulheres desaparecidas e assassinadas, assim resume o cerne de sua obra: “Eu as convidei para entrar na minha casa e no meu coração”. Em um mundo onde a brutalidade se esconde por trás da sombra da indiferença e a névoa do esquecimento, junte-se conosco às vozes que clamam por justiça. Poe