Engenheiro naval nascido em Tavira, educado na Escócia e viajante do Oriente, Álvaro de Campos emerge como a voz da inquietação urbana, da vertigem emocional e da crise da subjetividade moderna.Sua trajetória poética percorre três fases distintas ecomplementares. A primeira, marcada pelo sensacionismo exacerbado e pela influência do futurismo, dá origem a poemas como Ode Triunfal e Ode Marítima, verdadeiros manifestos da máquina, da eletricidade e da velocidade do mundo moderno. Em seguida, Campos mergulha numa fase de introspecção melancólica, onde surgem obras-primas como Tabacaria e Aniversário, atravessadas por desencanto, fragilidade e nostalgia. Finalmente, numa terceira etapa, sua escrita assume tons filosóficos e irônicos, revelando um distanciamento amargo perante a vida e suas ilusões.A poesia de Álvaro de Campos é marcada por uma linguagem torrencial, ritmo vertiginoso e intensidade quase febril. Escreve como quem explode - entre o deslumbramento e o cansaço, entre o delírio criativo e a angústia do vazio. É o poeta dos extremos: do orgulho ferido, da lucidez em excesso, da emoção sem filtro. Sua obra é feita de contrastes - e justamente por isso, tão humana, tão contemporânea, tão arrebatadora.