Foi assim - com a memória do corpo e o corpo das histórias - que Nilza Menezes plasmou em palavras mais de meio século de íntimas Macondos, Alices em bosques de espelhos, em que o olhar do outro nos reflete - e refletimos. No lado de fora do lado de dentro, cabemos nós e nossos nós. Por isso, uma poesia dessa espécie, com essa força que desperta, é cada vez mais necessária. Afinal, em um tempo sustentado em seu próprio vácuo por supostas certezas e pós-verdades, nos alerta a poeta: "no vazio da essência humana / a palavra não / cabe". Haverá, então, de caber também o "sim" do livro que agora se inicia, dizendo: "Beba-me".Carlos MoreiraAutor dos livros Evangelho Segundo Ninguém, Duas Palavras,Tetralogia do Nada, Cardume, Corpo Aberto e Seol.