erceiro livro do poeta José de Arimatéia, muitos dos poemas nele contidos foram escritos em tempos remotos, guardando certo frescor associado à juventude, quando mais cintila o brilho de Eros. Arimatéia, no entanto, trabalha o tema do amor de forma magistral, pois, muito embora o título do livro possa sugerir um arrebatamento, o que se vê em seus poemas é o laborioso ofício da linguagem que, por isso mesmo, emociona.Veja-se um trecho do prefácio do livro:"Todos sabemos o tênue acortinado quesepara uma escrita intelectivamente elaborada, de um derramamento passional e verborrágico, que se pretende poético. Difícil tarefa para o escritor. Há que se ter um coração pungente e nervos de aço. Qualquer escorregadela nesse terreno, compromete-se toda atuação e desempenho artístico.Arimatéia, com dotes salomônicos, soube muito bem articular o necessário equilíbrio, em prol de uma poesia incisiva, forte, certeira e profundamente amorosa, sem sucumbir aos arroubos caudalosamente piegas, que o tema amor pode evocar. Talvez aí resida a ontológica diferença entre expertise e diletantismo.Ler seus poemas, é como ouvir uma boa música. São linguagens distintas, mas profundamente complementares. O livro soa como uma sinfonia, em seus variados movimentos." (renato bicudo, um poeta menor)