A "Pequena África", conceito empregado por Roberto Moura, e a "África em Miniatura", concebida por Heitor dos Prazeres, jogaram luz na trama negra carioca. Micro-áfrica é a outra trama: aquela vivida em SP. É a chave interpretativa concebida para rastrear uma história e cultura. O fio condutor para desvendar essa trama, teve em Geraldo Filme, o sambista e personagem central do enredo. A partir de Geraldo se percebe que o discurso que afirmava ser São Paulo, o túmulo do samba, não passa de um mito. Através dele se vê encerrado esse chavão esquemático. Libertou a cidade da morte fria, enclausurada no túmulo. Geraldo Filme instituiu um lugar ímpar para o samba de SP, com destaque para as memórias rurais e religiosas dos tambores de Pirapora do Bom Jesus. Estudos revelam que em Pirapora e outras cidades do interior e capital, se desenvolveu o samba rural, uma modalidade específica, notadamente paulista. Do rural para o urbano, o samba se enraizou, por meio da voz e corpo da população negra mestiça, no coração e artérias da metrópole. Nunca mais os negros paulistas serão taxados de anti-musicais. E tem mais, revela-se, ainda, uma dimensão da cidade que se quer negra e cosmopolita.
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