Canudos - sua gente, sua terra, suas lutas, seus dissensos instauradores - continua em disputa. Se Canudos e os conselheiristas foram feitos inimigos da República brasi- leira, do progresso e do desenvolvimento, seus sobreviventes - sobreviventes, não ví- timas - espalharam-se como sementes de resistência. Por isso, voltamos a Canudos e às suas lutas. Não para reconstruir o tempo de Antonio Conselheiro como monumento imóvel e petrificado. Trata-se de reconhe- cer, lá e aqui, o esforço de reavivar "as cen- telhas da esperança" acesas pela tradição de rebeldia dos pobres, dos trabalhadores, dos oprimidos, que, ao escavar a própria história, vão construindo um modo de ser e de existir que permita romper com as dominações. Voltamos a Canudos, ao sertão e a seus múltiplos sentidos, disputando e contrarrestando os significados impostos desde fora como monumento-barbárie que consolidaram a visão dicotômica e dual entre o sertão e o Brasil. Se o sertão virou o Outro do Brasil, estamos somados