Sobre querer mudar parte de uma pergunta inquietante: o que está realmente em jogo quando desejamos transformar a nós mesmos? Por que mudar pode parecer, ao mesmo tempo, um gesto de liberdade e uma forma sutil de coerção?A partir da figura da conversão - religiosa, política, terapêutica ou pessoal -, Adam Phillips investiga os sentidos ambíguos da mudança pessoal, contrapondo nossas narrativas de progresso ao modo como, de fato, nos transformamos ou falhamos em nos transformar. Combinando psicanálise, literatura e filosofia, o autor examina o que diferencia uma mudança legítima de apenas mais uma ilusão.Ao longo dos capítulos, Phillips analisa a conversão como sintoma e metáfora, mas também como possibilidade concreta; discute sua presença na história da psicanálise, por meio do quadro clínico da histeria de conversão; aborda as promessas terapêuticas contemporâneas, a tentação do fundamentalismo e as formas seculares de redenção. Freud, William James, George Eliot, John Stuart Mill e Santo Agostinho surgem como interlocutores, em um percurso que confronta nossa crença no "melhorar contínuo" com a realidade psíquica da ambivalência.Com escrita elegante e envolvente, este livro propõe uma reflexão crítica sobre nossas fantasias de transformação - sobre o que estamos dispostos a perder para deixar de ser quem somos, ou talvez a enfrentar para, enfim, nos tornarmos quem somos.