Dois fios, cruzando-se, entretecem este texto: de um lado, meus monólogos sobre a solidão, que datam de 1975 e são aqui retranscritos tal como eram na época em que os deitei sobre longas folhas de papel; de outro lado, uma conversação livre e derrapante sobre La Soledad, lugar de solidão, e seus efeitos sobre nossas vidas, fragilmente construídas sobre desconfianças de certezas.Portanto, este livro não é uma obra de psicanálise. Nem de ciência. Tentei, porém, fazer que o leitor tirasse proveito de meus conhecimentos, referindo-me constantemente a minhas entrevistas clínicas. Todavia, certos fatos de minha vida pessoal, assim como certas experiências que eu considerara marginais. Encontram-se aqui mais elucidados, ainda que, "oficialmente", não façam parte de um saber.A despeito de seu caráter de grande afresco da história do sujeito, da origem ao fim, Solidão não é apenas a condensação, é um pensamento em movimento constante. Nele está presente a maioria dos grandes temas da obra de Françoise Dolto.