Falando do lugar de bailarina e, principalmente, espectadora, a autora estabelece, na presente obra, um diálogo entre a Psicanálise e a Dança, buscando analisar os efeitos que a dança clássica e, posteriormente, a dança moderna e contemporânea provocam no espectador, analisando as transformações sofridas por essa forma de manifestação artística ao longo da história da humanidade, investigando a contribuição do contexto sóciopolítico-cultural no advento de tais mudanças, aproximando-a, assim, daprópria Psicanálise, também fruto de um período específico da história, nascida em uma Viena du fin-de-siècle, por meio de um sujeito determinado: Sigmund Freud. Trazendo os conceitos psicanalíticos de sublimação, pulsão escópica, angústia e o sentimento de inquietante estranheza que é capaz de suscitá-la, tratado por Freud em sua obra Das Unheimliche, de 1919, para ajudar a compreender essa estética revolucionária da dança moderna/contemporânea, que aponta para uma perspectiva da criação despida da ilusão do belo e da harmonia, a obra avança na esperança de aprofundar o estudo das contribuições do modernismo para a dança, caminhando em direção ao nascimento do Tanztheater, com a coreógrafa alemã Pina Bausch, na tentativa de traçar uma hipótese psicanalítica para explicar os sentimentos despertados no público espectador por essa nova modalidade de dança, já tão próxima da performance do teatro.