Em meados do oitocentos, os anúncios da maior indústriatêxtil do Brasil vendiam seusprodutos como símbolo damodernidade capitalista e suaautoimagem como empresa livreda escravidão. Aos incautos, apropaganda talvez refletisse arealidade da fábrica Todos osSantos, fundada no litoral daBahia em 1844. No entanto,Tecido pela escravidão argumentaque a modernidade em questãoera aquela de um país escravista,moduladora de instituições eempresas, como a fábricaconstruída pela sociedade Lacerda& Cia. Aliás, a autora não dá vidafácil à memória dos seus sócios,entremeando suas fortunas aotráfico de africanos. Impressiona,igualmente, as agências desseshomens na promoção damodernidade oitocentista. Assim,adianto ao leitor: não será semsurpresa que chegará ao final dopercurso, reflexivo sobre oprogresso à brasileira, tecido como dinheiro dos negócios lastreadospela escravidão.- Thiago Campos Pessoa