Vivemos cercados por relógios, calendários e cronômetros. O tempo, para a maioria de nós, é uma régua que mede a vida em segundos, minutos e horas - uma ferramenta indispensável nas sociedades modernas, especialmente após as revoluções industriais. No entanto, por mais natural que pareça, essa medição é fruto de uma construção cultural. O tempo, em sua essência, é uma abstração: algo que criamos para dar sentido à realidade.Historiadores, mais do que ninguém, sabem que o tempo pode ser pensadode maneiras muito diferentes. Para eles, o tempo não é apenas linear ou cronológico, mas múltiplo e cheio de camadas. Fernand Braudel, por exemplo, defendia que o tempo é a principal dimensão que distingue o ofício do historiador dentro das ciênciashumanas. Outros autores, como Paul Ricoeur, François Hartog e Reinhart Koselleck, também contribuíram com reflexões fundamentais sobre o tema.O livro Tempos Históricos: Os Múltiplos Tempos dos Historiadores busca tornar essas discussões acessíveisa um público mais amplo. Baseado em uma entrevista do podcast História FM, o texto foi revisado, ampliado e atualizado para oferecer uma leitura clara sobre conceitos como anacronismo, sincronia, diacronia e kairós. Trata-se de um convite à reflexãosobre como compreendemos o tempo - e como essa compreensão molda nossa visão da história e do mundo.