A obra de Rosenária Ferraz de Souza traz à baila os processos dialeticamente articulados de superexploração, expropriação e negação-supressão de direitos do trabalho, investigando o caso dos trabalhadores da indústria têxtil da região norte de MinasGerais, evidenciando delimitação, estudo de caso e rica pesquisa teórico-empírica dentro da tradição do materialismo histórico. A feliz expressão valorativa de Sharpe - "compreender aqueles e aquelas que não nasceram com colheres de prata em suas bocas" - encontra eco nos depoimentos dos tecelões e tecelãs do território investigado pela autora, visto que estes revelam, por meio de tomada de depoimentos e análise de boletins do segmento, mas também mediante analogias com as produções literárias de Guimarães Rosa e Graciliano Ramos, as diversas contradições contidas na metáfora basilar do estudo: "o sertão que vira mar e o mar que vira sertão".