Um panorama — abrangente, crítico e acessível — da ficção brasileira das últimas décadas. Afinal, o que é o contemporâneo? Quando ocorreu seu início? Quando terá seu fim? Pode ser entendido — ou confundido — com o aqui e agora? Quais as suas especificidades, seu lado oculto? Em termos propriamente literários, seria um estilo?As reflexões aqui presentes, longe de exibirem classificações rígidas e redutoras, mergulham na diversidade ficcional das últimas décadas. A partir da leitura atenta de centenas de narrativas, Regina Dalcastagnè empreende uma abordagem crítica calcada no dialogismo estabelecido pelos textos entre si, e frente ao desafiador momento histórico vivido pelo país. Um tempo que comporta a modernização de meados do século XX e que traz como um de seus principais traços a urbanização predominante na sociedade, com seus impactos na produção literária. E tempo marcado por duas décadas de feroz ditadura empresarial-militar, conforme define a autora.A partir de um “olhar compreensivo” do processo em que a história da literatura se faz atenta ao desenvolvimento dos critérios de valorização, o livro se pauta por deixar as obras falarem. E não ignora o contexto em que elas surgem, ao vincular discurso autoral e visão de mundo. Trata-se, pois, de uma abordagem que entende a literatura também como prática social que constrói romances irmanados com a história do país.Assim, a atenção da autora não se descola de uma perspectiva que encara o processo histórico e percorre seu objeto condensado em quatro eixos temáticos: percursos espaciais, percursos políticos, percursos íntimos e percursos cotidianos. A partir de décadas de pesquisa e reflexão, Dalcastagnè traz a público uma contribuição definitiva para a atualização de nossa historiografia literária. E deste modo se consagra como uma das mais lúcidas consciências críticas presentes nos estudos literários brasileiros da atualidade.