O mito de Erisícton nos fala de um rei quese devorou porque nada satisfaria sua fome,punição divina por ultrajar a natureza. A partirdessa metáfora potente, Anselm Jappe analisa oque chama de "pulsão de morte do capitalismo":uma explosão de violência extrema gerada pelaperda de sentido e pela negação dos limites,características de uma sociedade regida pelamercantilização. Para tanto, Jappe propõeretomar o diálogo com a tradição psicanalítica edesistir da ideia, forjada pela razão moderna, deque o sujeito é um indivíduo livre e autônomo;ao contrário, é fruto da internalização dasrestrições impostas pelo capitalismo e portadorde uma combinação letal entre narcisismoe fetichismo da mercadoria. Neste contexto,"desenredar os infinitos fios da meada que levaos indivíduos a colaborar - em diversos graus- com o sistema que os oprime" seria a palavrade ordem para uma verdadeira "mutaçãoantropológica", capaz de reinventar a felicidade,livre das categorias capitalistas.