A divulgação da obra de Dan Brown e do filme que inspirou constitui uma boa ocasião para nos darmos conta, por um lado, da problemática das origens cristãs, o que nos ajuda a melhor compreender o alcance da fé que professamos como cristãos, e, por outro, leva-nos a constatar as terríveis deformações que o capitalismo, que tudo transforma em mercadoria, impõe à verdadeira cultura e à história. O código da Vinci e o cristianismo dos primeiros séculos, de Pedro Lima Vasconcellos, mostra, com a evidência de sólidos argumentos, a insustentabilidade histórica da triste ficção de Dan Brown. O Código da Vinci é uma trama inverossímil fundada sobre dados culturais e documentos mal interpretados, com o objetivo de vender uma novela a um público sequioso de segredos e de mistérios, desinformado e afeito às insinuações mal fundadas dos meios de comunicação capitalista. O autor traz a lume o que se sabe de indiscutivelmente histórico sobre as origens cristãs, como por exemplo, a verdadeira relação entre Jesus e Madalena, que é estabelecida com objetividade. Tal relacionamento é situado no contexto do papel social desempenhado pelas mulheres e confrontado com os muitos casos de opção celibatária de homens de seu tempo. O cristianismo é, por sua vez, relacionado com o mundo religioso predominante nos seus primeiros séculos e a diversidade dos escritos cristãos, devidamente interpretada, como expressão da diversidade do que denominamos hoje os cristianismos primitivos. Analisam-se com precisão as relações do cristianismo com o poder imperial, à luz dos atuais conhecimentos históricos. Restabelecendo-se assim a verdadeira figura de Constantino, totalmente pervertida no filme e no livro. O autor mostra a total falta de fundamento da ficção de Dan Brown, no que concerne a Jesus e aos primeiros séculos do cristianismo. A obra é recomendada aos cristãos que não conhecem a realidade das raízes históricas de nossa fé. Pode também servir de alerta aos não-cristãos, para que tomem consciência da maneira como são enganados por esse tipo de literatura em que nada é apreciado pelo seu valor próprio e, sim, só vale porque tem audiência e se pode transformar em mercadoria.