Esta obra reúne textos de 26 autores do passado e do presente, que conviveram e foram, cada um a seu modo, influenciados pela obra literária ou tocados pela complexa, sagaz e visionária personalidade do grande brasileiro que foi Monteiro Lobato. Estelivro talvez seja a "radiografia" mais larga e profunda que alguém logrou realizar em língua portuguesa deste fenômeno taubateano. "Eternamente Lobato" aparece no momento em que, mais uma vez, a fabulosa invenção literária de Lobato é alvejada em espaços públicos e seu autor, que amargou prisão por suas posições políticas progressistas, volta ao pelourinho, todavia, desta vez, pasme-se, conduzido por aqueles a quem Lobato julgou ter dedicado suas forças e intelecto, ao batalhar por um país quesonhou próspero e soberano e ao criar o que hoje se convencionou chamar "Literatura Infantil". A seguir, trecho do texto da proeminente professora da USP, infelizmente já falecida, Nelly Novaes Coelho: "Plenamente identificado com uma das rupturas mais importantes trazidas pelos movimentos renovadores deste século (a que, desafiando a Lógica tradicional rompe as fronteiras entre Real e Imaginário) Monteiro Lobato funde os dois mundos. Uma das consequências mais importantes dessa fusão é que o "maravilhoso", o "mágico" (aquilo que ultrapassa os estreitos limites da realidade concreta) se mostra possível de ser vivido por qualquer pessoa. Mostra que não é preciso sermos heróis ou heroínas extraordinários, pois qualquer ser humano comum pode viver numa "dimensão maravilhosa" através de sua "imaginação criadora.Se preconceitos existem nessa literatura (e são facilmente encontrados), se devem ao fato de Monteiro Lobato ter sido um fiel reflexo da Sociedade e dos Tempos que lhe foram dadosa viver. E não por ter sido, ele próprio, um escritor preconceituoso. A nosso ver, a maioria das críticas feitas ao universo da literatura infantil brasileira, pelos analistas do "ideológico" que ali pode ser detectado, sofre dessa distorção: apresenta a literatura como preconceituosa, em lugar de mostrá-la como fiel transmissora de um sistema preconceituoso, cujos valores (ou desvalores) ainda vigentes precisam ser eliminados do nosso viver. (É claro que é essa a intenção dos "analistas do ideológico", mas não é isso que se evidencia em seu discurso crítico. O que fica é o ataque à obra analisada.)