Os textos que compõem esta obra nos convidam a pensar acerca das várias facetas do existir humano em tempos de pós-pandemia, violências e desamparos que vemos acontecer no mundo, inclusive digitalmente, a partir de uma ótica fenomenológico-existencial, inspirada no pensamento do filósofo Martin Heidegger. Vivemos em uma era que expõe a presença do racismo enraizado, dos preconceitos, da disparidade de gênero e das injustiças sociais, que favorecem o sofrimento das pessoas, limitando-as em sua liberdade de ser e existir, o que nos leva a questionar sobre as condições de possibilidades do existir humano diante de tais acontecimentos. As facetas humanas encontram-se aqui expostas e tematizadas pelos autores dos textos, tal como ao se interrogar sobre o significado de habitar no atual horizonte epocal. Como é possível compreender a existência em um mundo no qual o desempenho, a eficácia e as mídias sociais favorecem para que o ser humano se sinta em um não lugar, sem familiaridade com a morada? E aconteça de ir embora, ainda que "de um não lugar só se pode querer ir embora, mesmo que não se tenha UM LUGAR para onde ir", como reflete Irene Borges-Duarte em seu texto nesta obra. Mundo digitalizado, vulnerabilidades existenciais, cuidado, habitar e acontecimento, arte e escuta são alguns dos temas que percorrem os textos aqui apresentados, mostrando a importância tanto das reflexões e a profundidade dos pensamentos revelados nesses estudos quanto dos diálogos e afetações suscitadospor eles. Trata-se de uma obra que revela o olhar da psicologia fenomenológica, em diálogo com a filosofia, em direção às questões que caracterizam o nosso tempo.