Terminou o quinto século em calamidades de toda ordem. Nuvens debárbaros caíram sobre a Europa; saqueando, incendiando as cidades, nãodeixando atrás de si senão sangue e ruínas. As obras-primas da antigüidadeteriam perecido, as escolas teriam desaparecido se a Igreja não as tivessesalvado e protegido."O espírito humano, pode-se dizer sem exagero, batido pelatempestade, refugiou-se nas igrejas e nos mosteiros; abraçousuplicante os altares para viver em seu abrigo e a seu serviçoaté que melhores tempos lhe permitissem reaparecer no mundoe respirar ao ar livre" (Guizot, História da civilização na França, I.p. 137).O nome de monástico, dado ao período que se estende do sexto aoduodécimo século está, portanto, amplamente justificado.- Período MonásticoUma admiração excessiva da Antigüidade leva os humanistas neopagãosao desprezo da Idade Média. Consideram época de barbárie todosos séculos que os separam da Antigüidade e dão sentido pejorativo ao termoIdade Média. A escolástica, de que não conhecem senão os abusos e as obrasda decadência, é objeto principal dos seus ludíbrios. Petrarca ridicularizaos doutores em silogismo "inchados de nada, trabalhando no vácuo eexercitando-se em futilidades". Ramus passa parte da vida a rebater asantigas doutrinas. Segundo Montaigne, é Baroco e Baralipton que tornam asbases da filosofia tão enlameadas e enfumaçadas. Rabelais não compreendemelhor as obras da grande época escolástica; admira-se, no meio das luzes deseu tempo,de encontrar ainda gente "que não pode ou não quer tirar os olhosdesse nevoeiro gótico e cimeriano".- O Renascimento