O tema das migrações transnacionais, incluindo pessoas que se movimentam forçosamente, como as refugiadas, tem ganhado notoriedade nos debates públicos - midiáticos, político-eleitorais e acadêmicos - no mundo contemporâneo. Inegavelmente, tal fenômeno vem assumindo maior complexidade e se diversificando cada vez mais ao longo do tempo, especialmente durante o século XXI. Portanto, para compreender quem são as(os) migrantes na atualidade, é necessário analisar inúmeras situações relacionadas a: pessoas que se deslocam no interior de seus países de origem devido a conflitos armados ou outros motivos ligados à instabilidade política ou à violação de direitos humanos; crianças e mulheres que migram, trazendo uma série de especificidades além dos marcadores de gênero e idade, como etnia/raça, origem/nacionalidade, entre outros; pessoas que solicitam refúgio e aguardam, por um longo período, uma decisão final sobre seus pedidos; vítimas do crime de tráfico de pessoas, envolvendo a migração para outro país, face ao contexto atual em que as redes sociais são utilizadas para o recrutamento; e, ainda, como se dá o processo de integração local dessas pessoas e grupos, de origens tão distintas, no país de acolhida. Assim, o livro busca contribuir com a discussão sobre múltiplas dimensões, como as elencadas acima, no âmbito das migrações. As contribuições abordadas pela obra são tanto de caráter teórico-conceitual - debatendo conceitos relacionados às categorias migratórias e à integração local, bem como suscitando reflexões sobre a relação entre migração e desenvolvimento humano - quanto empírico - a partir de pesquisas conduzidas pelas(os) autoras(es) com pessoas migrantes e em situação de refúgio, as quais revelam diversas experiências migratórias, com foco particularmente no contexto do Sul Global, região que engloba o Brasil. Lançar luz sobre questões relativas a migrantes e refugiados torna-se fundamental nos dias atuais, visando qualificar o debate e combater atitudes discriminatórias e preconceituosas associadas à xenofobia. Pretende-se, desse modo, informar melhor o público, aprofundando seu conhecimento sobre tais pessoas e coletividades que enfrentam as maiores adversidades, muitas vezes com o objetivo apenas de sobreviver e reconstruir suas vidas em um novo lugar.