É com uma imensa satisfação que lhe convido, caro leitor, a desbravar a obra intitulada Moa: um lugar de aventuras, do escritor acreano Cláudio Brito. É um romance riquíssimo de valores estéticos-antropológicos-culturais e, porque não dizer, quem sabe, eco teológicos. Um Deus ecológico da vida. A vida que se faz na floresta. Contudo faço uma alerta: deixe-se conduzir por "sonhos e realidades, encantos e perigos"... A partir das experiências da busca interior de seu personagem, Dr. Glauber, aos poucos vamos mata adentro e, ao mesmo tempo, espíritos afora! Com a necessidade da liberdade, vem à tona a busca pelo contato com a natureza. O protagonista sente e percebe que a vida urbana já o estava dominando - de tal forma a tornar-se tão duro e frio quanto as paredes de seus grandes prédios. A solidão era o seu cárcere. Mas as respostas não lhe vieram tão fáceis. Houve lutas, conflitos e guerra, o desvelar-se do homem prático, racional, em busca da pessoa humana, espiritual, em contato consigo mesmo e com os seus semelhantes. Foi preciso navegar por si mesmo; aprender a ler o livro da sabedoria que se encontrava na mata; enxergar as cores dos pássaros, tocar na terra, sentir o cheiro das águas, purificar-se... para compreender o sobrenatural. A obra lembra, ainda, Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto, mas, de uma forma diferente e apocalíptica, substitui a sequidão do sertão pelas folhagens frescas do verde da floresta. Ao longo da viagem vamos, também, questionando-nos qual a nossa missão por esses rios que mais parecem serpentes de águas barrentas...