Quando os pesquisadores latino-americanos do futuro se detiverem sobre os sistemas penais das últimas décadas do século XX e as primeiras do XXI, observarão a emergência de novas criminalizações que, sustentadas e difundidas por instituições internacionais, poderão merecer a designação de "pauta criminológica do FMI". Uma delas é o chamado "tráfico de pessoas". Os trabalhadores pobres do mundo devem aprender que as fronteiras estão abertas apenas para as mercadorias que produzem, não para seus produtores diretos. A saudosa Lola Aniyar de Castro observou que esses trabalhadores, por falta de asas, possuíam menos direitos do que as aves, as quais livremente podem dirigir-se para onde houver comida e boa temperatura. Outro tópico dessa pauta está na chamada "responsabilidade fiscal". Thomas Piketty lembra que a redução da dívida pública pode valer-se de três métodos: imposto sobre o capital, inflação e austeridade fiscal. Esta última, para ele, é "a pior solução, tanto em termos de justiç