Durante os ?anos de chumbo? da ditadura militar, grupos de oposição ao regime escolheram, como modo de ação, a militância clandestina. Deixando para trás laços de família, amizade e profissão, os clandestinos abandonavam sua identidade civil, seu nome, por vezes sua aparência física, e mergulhavam na vida miserável dos deserdados e despossuídos.Qualquer que seja a avaliação da eficácia política desta iniciativa, a originalidade deste livro consiste em tomar o problema pela outra ponta: qual o custo psíquico, para o militante, desta experiência de perda e substituição de identidade? Com que meios mantinha-se o equilíbrio emocional, numa situação marcada pelo anonimato forçado, pelo risco de vida permanente e por frustrações mais pesadas doque as que todos temos que suportar?A partir de depoimentos dos seus companheiros da ?Ação Popular?, a autora emprega os instrumentos conceituais da psicanálise para investigar esta questão, num texto bem armado, bem escrito e muitas vezes comovente.