Em 1765 foi a lançada uma edição das obras completas de William Shakespeare aos cuidados do Doutor Johnson, e com este prefácio, que abria a série de oito volumes, tinha início a crítica moderna de um dos gênios literários mais celebrados de todos. Johnson, crítico impecável, e ele mesmo autor profícuo, traçou os caminhos que ainda hoje guiam nossa leitura incessante e sempre renovada de Shakespeare: em primeiro lugar, que o autor de Hamlet, Macbeth, Rei Lear e A tempestade não era apenas poeta,mas homem de teatro - ator, produtor, dramaturgo. Depois, que seus personagens não são propriamente heróis clássicos, mas homens que agem como o leitor - ou o espectador - agiria se estivesse na mesma situação. Enfim, e mais importante, que ele transcende seu tempo e espaço para tocar a natureza mesma do humano, e se tornar contemporâneo de todas as épocas.