Décimo segundo livro de poesia de Fernando Naporano. Ilustrações Bob Nieuwenhuis. "A FÊNIX DAS MARGENS A trajetória viva de um poeta outsider prova que o lirismo, no grande sentido do termo, aquele em que a poesia transcende o eu apesar da experiência, prevalece apesar da invisibilidade e obscuridade programadas pela miopia e cegueira crítico-culturais de hoje. Num ambiente controlado e controlador como esse, deveríamos celebrar o surgimento e permanência de um poeta raro e denso como Naporano, que, de maneira firme e invisível, expandiu até alturas abissais seu diálogo com Ian Curtis, iniciado em um artigo na "extinta" Folha de S.Paulo no século passado. Manter uma aliança com o onírico e com algumas premissas do romantismo de Goethe e cia. é para poucos, é alto o preço que se paga pelo tensionamento das linhas temporais em nome da a rmação da sensibilidade como vetor de uma vida, pelo mergulho no poema fora de uma intencionalidade que não seja a do poema em si. A poética de Naporano não é uma carta marcada de crédito do banco literário, trata-se de um dos últimos líricos exilados no próprio país sem lugar do capitalístico, ele é uma fênix das margens, atuando em uma faixa marginal há décadas, com diversos livros que são cada um ao seu modo: portais. Para onde? O efeito do diamante / que derretia-se até perder o nome sussurra como se indicasse uma senha este verso do poema "Invocação Noturna Em Transparências". Talvez sejam portais para a fome de selvageria e verdade, liando-se àquelas fontes de onde emanavam as vozes de Trakl, Dickinson, Álvares de Azevedo e outras aves de fogo, selvageria e verdade amorosas, porque é sob o signo da paixão e de sua translucidez que vivem os outsiders. É preciso ser uma fênix das margens, parece dizer a voz no fundo dos tempos. Você que segura este livro, essa voz nômade, obscura e límpida é uma porta aberta no coração do agora: entre!" Marcelo Ariel