As pesquisas junto a moradores de, ao lado de moradores de rua, com moradores de rua (homens e mulheres) abarcam um sem número de temas - sexo, família, religiosidade, incompreensão, violência de toda sorte, culpa, ódio, adição, maternidade, fome, homicídio, crimes -, temas da vida, de qualquer vida humana, que surgem com e na palavra, isto é, na enunciação, sem nenhuma direção a não ser a de querer saber como é a vida na rua, vida que vemos, mas não vivemos, que sabemos que existe, mas não experimentamos na pele, no corpo, que julgamos sem a menor competência e precisão.Quando nos damos conta de que viver na rua é e não é uma escolha, consciente e livre, mas uma contingência criada pela sociedade, pelos interesses políticos e econômicosque condicionam a riqueza e a pobreza, está o Real daquela, ou melhor, da democracia, já que uma não existe sem a outra, de que é a falta de trabalho capaz de fornecer condições indignas para si e para a família, então, sentimo-nos inseridos no mar de problemas em que uma parte da população se vê submersa.