Nesta obra, "sem se desviar da rota de formação de pesquisadores, mas demonstrando a viabilidade de refletir sobre os estudos literários também a partir, com e na Educação Básica, Fleck (2025) abre mais um capítulo para as discussões sobre a formaçãode leitores. Em A formação do leitor literário decolonial: vias à descolonização das mentes, das identidades e do imaginário na América Latina, o pesquisador apresenta não apenas uma reflexão diacrônica sobre o ato de leitura na formação dos sujeitos na América Latina e, especificamente, no Brasil, mas, também, reitera o quanto a leitura de textos híbridos de História e ficção pode sustentar a constituição de leitores dispostos a tensionar constructos congelados e balizados por manifestações sempre dispostas a obnubilar nossas alteridades.O autor, assim, elucida que a grande chave para a quebra de uma colonialidade que nos invade e que, de alguma maneira, nos limita enquanto intelectuais e leitores está justamente no estímulo de uma formação de leitores que transcenda a um dado funcional. Ainda que nos permita observar as chagas, as huellas da colonialidade em nossa formação, esta obra se afasta absolutamente de um tom pessimista. Entendendo o ato leitor e a condição de formação deum leitor literário decolonial como um cronotopo possível, Fleck (2025) passa a iluminar nossas inquietudes.Assim, parágrafo a parágrafo, passamos a testemunhar que "a formação de leitores literários decoloniais na escola brasileira precisa começarpela prática com os próprios docentes que, ao longo de sua formação profissional, não tiveram as condições e as oportunidades de se constituírem como leitores literários, decoloniais e críticos e, menos ainda, como escritores proficientes e qualificados à produção de conhecimentos inovadores que possam ser levados às suas salas de aula".