Este livro aborda as formas de administração de justiça no conurbano bonaerense, na Argentina, em especial as relativas ao processo de investigação e julgamento dos crimes. Busca identificar, nos casos específicos aqui relatados, como os agentes judiciais, a partir de suas histórias de vida, de suas ideologias profissionais e políticas, de suas posições institucionais e sociais, interagem com as narrativas e histórias de vida das pessoas envolvidas, com a natureza dos conflitos, com os outros agentes profissionais e com as normas legais, a fim de orientar a investigação, construir e interpretar as "provas" e tomar as decisões correspondentes. Dessa forma, busca-se dar conta da relação entre a administração de justiça e as possíveis moralidades e interesses que informam sua prática. As questões tratadas neste trabalho são abordadas por meio de diversas histórias e personagens; dos relatos dos agentes judiciais, policiais e advogados e dos casos por alguns deles tratados e por mim observados. Na sua narração se apresentam duas questões centrais: como o "bairro" participa como um ator do processo de investigação e como essa participação está fundada na "crença" dos agentes judiciais nas provas por eles produzidas.