Estudar as raízes filosóficas na leitura do pensamento de Paulo Freire é a busca em profundidade pela construção das ideias do educador que marcou o pensamento educacional de meados do século XX e que ainda permanecem. A obra de Paulo Freire tem sido muito discutida na atualidade. Ao estudá-la, nota-se que ele construiu em toda sua vida a sua teoria, de forma gradativa. O estudo de seu legado revela que sua teoria foi construída de forma inacabada: para ele, é preciso levar em consideração alguns princípios que aparecem em todas as suas obras, das primeiras à última: o ser humano como um ser inacabado; a possibilidade e a necessidade da Conscientização; a necessidade da Liberdade; o que ele entende por Realidade e a necessidade do diálogo. Freire desmembra esses princípios em saberes necessários à prática educativa que, se vividos na prática docente, podem levar à construção da autonomia. Eles têm uma raiz filosófica clara, que se apresenta evidente e não desaparece: o Existencialismo e o Marxismo. Do Marxismo, corrente filosófica muito atuante em seu tempo, Paulo Freire se utiliza do conceito do materialismo dialético, mais precisamente na visão de Antônio Grasmci, quando este lê a realidade enquanto processo e mudança permanente. Mas Freire não está restrito à realidade material: o ser mais presente nas afirmações deste autor refere-se à superação da realidade material. E essa ideia é destacada por Mounier, idealizador do Personalismo, quando ele se refere à formação da pessoa atribuindo os elementos necessários a essa formação. Dessa forma, Paulo Freire, ao apresentar um projeto pedagógico baseado na formação humana, aproxima-se do pensamento de Emanuel Mounier, que propõe uma Educação baseada na formação da pessoa dando-lhe possibilidade de exercer sua liberdade e autonomia.